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Guia Definitivo de Gestão Financeira para Crescimento Empresarial: Da Sobrevivência à Escala

  • Foto do escritor: Jociandre Barbosa
    Jociandre Barbosa
  • 20 de abr.
  • 26 min de leitura

Atualizado: 21 de abr.

A gestão financeira para crescimento empresarial é muito mais do que simplesmente controlar entradas e saídas. Segundo dados do SEBRAE, empresas com gestão financeira estruturada têm 70% mais chances de crescer de forma sustentável nos primeiros cinco anos de operação, enquanto aquelas que negligenciam este aspecto enfrentam um risco 65% maior de encerrar suas atividades no mesmo período.


Guia Completo de Gestão Financeira
Guia Completo de Gestão Financeira

Você já se perguntou por que algumas empresas conseguem escalar rapidamente enquanto outras, mesmo com produtos ou serviços excelentes, permanecem estagnadas por anos? A resposta frequentemente está na forma como gerenciam suas finanças. Não apenas para sobreviver, mas estrategicamente posicionadas para impulsionar o crescimento.


Neste guia completo, vamos explorar como transformar a gestão financeira da sua empresa em um verdadeiro motor de crescimento. Você aprenderá estratégias avançadas que vão muito além do básico, descobrirá como integrar finanças com todas as outras áreas do seu negócio e dominará técnicas que prepararão sua empresa para escalar com solidez.


Seja você um empreendedor que busca expandir seu negócio, um gestor responsável pelas finanças ou um profissional que deseja aprimorar suas habilidades, este conteúdo foi desenvolvido para oferecer insights práticos e implementáveis em diferentes estágios de maturidade empresarial.


Vamos abordar desde os fundamentos essenciais até estratégias avançadas de gestão financeira, passando por diagnóstico, estruturação de sistemas, indicadores estratégicos, fluxo de caixa, precificação, integração multidepartamental, captação de recursos, planejamento tributário e preparação para escala. Tudo isso ilustrado com estudos de caso reais de empresas brasileiras que transformaram suas finanças e alcançaram crescimento expressivo.


Fundamentos da Gestão Financeira para Crescimento


A diferença entre gestão financeira para sobrevivência vs. crescimento


A maioria das empresas inicia sua jornada com uma gestão financeira focada na sobrevivência. Neste estágio, as preocupações centrais são garantir que haja dinheiro suficiente para pagar as contas, manter um fluxo de caixa positivo e evitar o endividamento excessivo. É uma abordagem reativa, muitas vezes baseada na intuição do empreendedor e em controles simplificados.


No entanto, quando o objetivo passa a ser o crescimento, a gestão financeira precisa evoluir significativamente. Ela se torna proativa, estratégica e integrada com todas as outras áreas do negócio. Não se trata mais apenas de "não ficar no vermelho", mas de estruturar as finanças para impulsionar a expansão.


"A gestão financeira para sobrevivência pergunta: 'Como podemos pagar nossas contas este mês?'. Já a gestão financeira para crescimento questiona: 'Como podemos alocar recursos para crescer 30% no próximo ano?'",

explica Ricardo Almeida, CFO da Contabilizei, em entrevista exclusiva para este artigo.


A tabela abaixo ilustra as principais diferenças entre essas duas abordagens:

Aspecto

Gestão para Sobrevivência

Gestão para Crescimento

Horizonte temporal

Curto prazo (dias/semanas)

Médio e longo prazo (meses/anos)

Foco principal

Fluxo de caixa imediato

Rentabilidade e escalabilidade

Tomada de decisão

Reativa e tática

Proativa e estratégica

Controles

Básicos e manuais

Sofisticados e automatizados

Planejamento

Informal ou inexistente

Estruturado e documentado

Indicadores

Poucos e operacionais

Múltiplos e estratégicos

Investimentos

Conservadores e essenciais

Calculados e orientados ao crescimento

A transição entre esses dois modelos não acontece da noite para o dia. É um processo gradual que exige mudança de mentalidade, aquisição de novas competências e implementação de sistemas mais robustos.


Os pilares financeiros que sustentam o crescimento empresarial


Para construir uma gestão financeira orientada ao crescimento, é fundamental estabelecer pilares sólidos que sustentarão toda a estrutura. Esses pilares funcionam de forma interdependente e precisam ser desenvolvidos simultaneamente:


  1. Planejamento Financeiro Estratégico: Vai além do orçamento anual, estabelecendo metas financeiras de médio e longo prazo alinhadas com a visão do negócio. Inclui projeções financeiras para diferentes cenários, planos de investimento e estratégias de financiamento.

  2. Gestão de Capital de Giro Otimizada: Envolve a administração eficiente dos recursos financeiros operacionais, com foco na redução do ciclo financeiro, otimização de estoques, gestão estratégica de recebíveis e negociação inteligente com fornecedores.

  3. Sistema de Informações Financeiras: Consiste na estruturação de processos e ferramentas que garantam dados financeiros precisos, atualizados e acessíveis para tomada de decisão. Inclui software de gestão financeira, integração com outras áreas e dashboards estratégicos.

  4. Gestão de Rentabilidade: Foca na compreensão profunda da estrutura de custos e receitas, análise de margens por produto/serviço/cliente, e implementação de estratégias para aumentar a lucratividade de forma sustentável.

  5. Gestão de Investimentos e Financiamentos: Abrange a avaliação criteriosa de oportunidades de investimento, cálculo de retorno sobre investimento (ROI), análise de fontes de financiamento e estruturação de capital adequada para crescimento.

  6. Cultura Financeira Organizacional: Envolve a disseminação do conhecimento financeiro por toda a organização, estabelecimento de metas financeiras compartilhadas e alinhamento de incentivos com objetivos de crescimento.


"Empresas que crescem de forma sustentável geralmente têm esses seis pilares bem desenvolvidos. A ausência ou fragilidade em qualquer um deles cria gargalos que limitam o potencial de crescimento",

afirma Ana Claudia Martins, consultora financeira especializada em empresas de crescimento acelerado.


Mentalidade financeira do empreendedor em fase de crescimento


Além de estruturas e processos, o crescimento financeiro sustentável exige uma mentalidade específica do empreendedor e da liderança. Esta mentalidade se caracteriza por:


Visão de longo prazo: Capacidade de sacrificar resultados imediatos em prol de ganhos futuros maiores. Empreendedores com esta mentalidade entendem que certos investimentos podem reduzir a lucratividade no curto prazo, mas são essenciais para o crescimento sustentável.


Disciplina e consistência: Compromisso com processos financeiros estruturados, mesmo quando o negócio está indo bem. Isso inclui manter reuniões regulares de análise financeira, seguir o planejamento orçamentário e atualizar projeções constantemente.


Equilíbrio entre conservadorismo e ousadia: Habilidade de manter reservas financeiras estratégicas enquanto realiza investimentos calculados em oportunidades de crescimento. Não é nem excessivamente cauteloso a ponto de perder oportunidades, nem imprudentemente arriscado.


Orientação por dados: Decisões baseadas em análises financeiras sólidas, não apenas em intuição ou tendências de mercado. Isso requer familiaridade com indicadores financeiros e capacidade de interpretá-los corretamente.


Mentalidade de abundância controlada: Visão de que recursos financeiros existem para ser investidos estrategicamente, não apenas acumulados ou economizados. Ao mesmo tempo, há controle rigoroso sobre onde e como esses recursos são aplicados.


Abertura para capitalização externa: Disposição para considerar fontes externas de capital quando apropriado, sem receio de diluição ou compartilhamento de controle se isso acelerar o crescimento de forma vantajosa.


"A transformação mais difícil para muitos empreendedores não é implementar sistemas ou contratar especialistas, mas mudar sua própria relação com o dinheiro do negócio. É preciso passar de uma mentalidade de 'dono que controla cada centavo' para 'líder que aloca recursos estrategicamente para crescer'",

observa Paulo Feldmann, ex-professor de Empreendedorismo da FEA-USP.


A Gestão Financeira e o Diagnóstico Financeiro: Onde Sua Empresa Está Hoje


Avaliação da saúde financeira atual


Antes de implementar qualquer estratégia de crescimento, é fundamental realizar um diagnóstico preciso da situação financeira atual da empresa. Na gestão financeira, o diagnóstico serve como ponto de partida e referência para medir o progresso futuro.


Um diagnóstico financeiro completo deve avaliar cinco dimensões principais:


1. Liquidez e Solvência


Esta dimensão avalia a capacidade da empresa de honrar seus compromissos financeiros no curto, médio e longo prazo. Indicadores essenciais incluem:

  • Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante (Ideal: acima de 1,5 para empresas em crescimento)

  • Liquidez Imediata = Disponibilidades / Passivo Circulante (Ideal: acima de 0,3 para empresas em crescimento)

  • Endividamento Total = Passivo Total / Ativo Total (Ideal: abaixo de 0,6 para empresas em crescimento)

  • Cobertura de Juros = EBIT / Despesas Financeiras (Ideal: acima de 3 para empresas em crescimento)


2. Rentabilidade e Eficiência


Esta dimensão analisa a capacidade da empresa de gerar resultados positivos e utilizar seus recursos de forma eficiente. Indicadores essenciais incluem:

  • Margem Bruta = Lucro Bruto / Receita Líquida (Benchmark: varia por setor, mas geralmente acima de 40% para serviços e 20% para comércio)

  • Margem EBITDA = EBITDA / Receita Líquida (Benchmark: varia por setor, mas geralmente acima de 15% para empresas em crescimento)

  • ROI (Retorno sobre Investimento) = Lucro Operacional / Investimento (Ideal: acima do custo de capital da empresa)

  • Giro do Ativo = Receita Líquida / Ativo Total (Benchmark: varia por setor, mas quanto maior, melhor a eficiência)


3. Ciclo Financeiro e Capital de Giro


Esta dimensão examina como a empresa gerencia seu capital de giro e a eficiência do seu ciclo operacional. Indicadores essenciais incluem:

  • Prazo Médio de Recebimento = (Contas a Receber / Receita Bruta) x 360

  • Prazo Médio de Pagamento = (Fornecedores / Compras) x 360

  • Prazo Médio de Estocagem = (Estoques / Custo das Mercadorias Vendidas) x 360

  • Ciclo Financeiro = PMR + PME - PMP (Ideal: o menor possível, preferencialmente negativo)


4. Crescimento e Sustentabilidade


Esta dimensão avalia se o crescimento atual é sustentável e quais são os limites financeiros para expansão. Indicadores essenciais incluem:

  • Taxa de Crescimento Sustentável = ROE x (1 - Taxa de Distribuição de Dividendos) (Indica quanto a empresa pode crescer sem captação externa)

  • Relação Investimento/Depreciação = CAPEX / Depreciação (Ideal: acima de 1,5 para empresas em crescimento)

  • Margem de Contribuição Total = Receita Total - Custos Variáveis Totais (Base para calcular ponto de equilíbrio e potencial de escala)


5. Estrutura de Capital e Financiamento


Esta dimensão analisa como a empresa financia suas operações e investimentos. Indicadores essenciais incluem:

  • Relação Dívida/EBITDA = Dívida Total / EBITDA (Ideal: abaixo de 3 para empresas em crescimento)

  • Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) (Benchmark: comparar com retorno gerado pelos ativos)

  • Cobertura de Ativos Não-Circulantes = (Patrimônio Líquido + Passivo Não Circulante) / Ativo Não Circulante (Ideal: acima de 1, indicando financiamento adequado de ativos de longo prazo)


Para realizar este diagnóstico, é necessário ter demonstrações financeiras atualizadas e confiáveis, incluindo Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados (DRE) e Demonstração de Fluxo de Caixa dos últimos 12 a 24 meses.


Identificação de gargalos financeiros que limitam o crescimento


Após o diagnóstico geral, é fundamental identificar especificamente quais aspectos financeiros estão limitando o potencial de crescimento da empresa. Estes são os chamados "gargalos financeiros" - restrições que, se não forem resolvidas, impedirão a empresa de escalar, independentemente de quão bons sejam seus produtos ou estratégias de marketing.


Na prática da gestão financeira, os gargalos financeiros mais comuns incluem:


1. Insuficiência de Capital de Giro


Este é provavelmente o gargalo mais frequente em empresas em fase de crescimento. E um desafio para equipe de gestão financeira. Manifesta-se quando a empresa tem boas vendas e lucratividade, mas constantemente enfrenta dificuldades para pagar suas contas em dia ou financiar seu ciclo operacional.


Sinais de alerta:


  • Constante necessidade de adiar pagamentos a fornecedores

  • Dependência excessiva de cheque especial ou outras linhas de crédito de curto prazo

  • Incapacidade de aproveitar descontos para pagamento à vista

  • Dificuldade em manter estoques adequados


Impacto no crescimento: Limita a capacidade de aceitar novos pedidos, investir em oportunidades e negociar melhores condições com fornecedores.


2. Estrutura de Custos Inadequada para Escala


Ocorre quando a empresa tem uma proporção muito alta de custos fixos em relação aos variáveis, ou quando não consegue diluir seus custos fixos com o aumento das vendas.


Sinais de alerta:

  • Margens que diminuem à medida que as vendas aumentam

  • Ponto de equilíbrio muito alto em relação ao faturamento atual

  • Custos operacionais que crescem na mesma proporção ou mais que as receitas


Impacto no crescimento: Reduz a rentabilidade do crescimento, podendo até tornar a expansão financeiramente inviável.


3. Precificação Inadequada


Manifesta-se quando os preços não refletem adequadamente os custos, o valor entregue ao cliente e as necessidades de reinvestimento para crescimento.


Sinais de alerta:

  • Margens brutas abaixo da média do setor

  • Incapacidade de repassar aumentos de custos

  • Alta sensibilidade a pequenas variações de preço

  • Falta de metodologia clara para definição de preços


Impacto no crescimento: Compromete a geração de caixa necessária para financiar o crescimento e pode criar um ciclo vicioso de competição por preço.


Leia também: um artigo completo com vídeo-aula complementar onde ensino como fazer a precificação correta para você não peder dinheiro


4. Concentração Excessiva de Receitas


Ocorre quando uma parcela muito grande do faturamento depende de poucos clientes, produtos ou canais.


Sinais de alerta:


  • Mais de 30% da receita proveniente de um único cliente

  • Mais de 50% da receita dependente de um único produto ou serviço

  • Alta volatilidade no faturamento mensal


Impacto no crescimento: Cria vulnerabilidade financeira e dificulta o planejamento de longo prazo necessário para investimentos em crescimento.


5. Infraestrutura Financeira Limitada


Manifesta-se quando os sistemas, processos e equipe financeira não são adequados para suportar um volume maior de operações.


Sinais de alerta:


  • Informações financeiras sempre atrasadas ou imprecisas

  • Decisões importantes tomadas sem análise financeira adequada

  • Processos financeiros majoritariamente manuais na gestão financeira

  • Dependência excessiva de uma única pessoa para questões financeiras


Impacto no crescimento: Cria ineficiências operacionais, aumenta riscos e limita a capacidade de tomar decisões rápidas e bem fundamentadas.


6. Estrutura de Capital Desequilibrada


Ocorre quando há dependência excessiva de uma única fonte de financiamento (geralmente capital próprio ou dívidas de curto prazo).


Sinais de alerta:


  • Relação dívida/capital próprio muito alta ou muito baixa para o setor

  • Concentração de vencimentos de dívidas no curto prazo

  • Custo de capital significativamente acima da média do setor

  • Resistência a considerar novas fontes de financiamento


Impacto no crescimento: Limita a capacidade de investimento e pode criar vulnerabilidade a mudanças nas condições de mercado.


A identificação precisa destes gargalos é o primeiro passo para superá-los. Na gestão financeira, para cada gargalo identificado, deve-se desenvolver um plano específico de ação, com metas, prazos e responsáveis claramente definidos.


Benchmark financeiro: como se comparar com o mercado


Após analisar a situação interna, é fundamental comparar o desempenho financeiro da sua empresa com referências externas relevantes. Este processo, conhecido como benchmarking financeiro, permite identificar oportunidades de melhoria e estabelecer metas realistas baseadas em práticas de mercado.

O benchmarking financeiro eficaz envolve três etapas principais:


1. Seleção de Referências Adequadas


Nem todas as empresas são comparáveis entre si. Para um benchmarking significativo, selecione referências que compartilhem características relevantes com seu negócio:

  • Empresas do mesmo setor: A comparação mais direta e relevante, especialmente para indicadores operacionais e margens.

  • Empresas de porte similar: Empresas muito maiores ou menores podem ter estruturas de custos e economias de escala significativamente diferentes.

  • Empresas em estágio similar de crescimento: Uma startup em fase de hipercrescimento terá indicadores muito diferentes de uma empresa estabelecida no mesmo setor.

  • Líderes de mercado: Mesmo que sejam maiores, podem fornecer benchmarks aspiracionais para onde sua empresa quer chegar.


2. Coleta e Normalização de Dados


Para comparações válidas, é necessário garantir que os dados sejam comparáveis:

  • Fontes de dados setoriais: Relatórios de associações setoriais, pesquisas de consultorias especializadas, dados de agências governamentais.

  • Demonstrações financeiras públicas: Para empresas de capital aberto ou que divulgam seus resultados.

  • Ajustes contábeis: Garantir que as diferenças em práticas contábeis não distorçam as comparações.

  • Normalização por tamanho: Converter valores absolutos em percentuais ou proporções para permitir comparações entre empresas de diferentes portes.


3. Análise de Gaps e Definição de Metas


Após coletar e normalizar os dados, identifique as diferenças (gaps) entre seu desempenho e as referências:

  • Gap de eficiência operacional: Comparação de margens operacionais, produtividade por funcionário, eficiência de ativos.

  • Gap de estrutura financeira: Comparação de níveis de endividamento, composição de capital, liquidez.

  • Gap de crescimento: Comparação de taxas de crescimento, investimentos em relação à depreciação, reinvestimento de lucros.


Com base nesta análise, estabeleça metas realistas de melhoria. Por exemplo, se sua margem EBITDA é de 10% e a média do setor é 15%, uma meta de atingir 13% em 12 meses pode ser desafiadora mas alcançável. Esse calculo é indispensável para uma gestão financeira eficiente para empresas.


Indicadores-chave para benchmarking financeiro


Alguns indicadores são particularmente úteis para benchmarking em empresas em fase de crescimento:

Indicador

O que compara

Benchmark típico para empresas em crescimento

Crescimento anual de receita

Velocidade de expansão

20-30% acima da média do setor

Margem EBITDA

Eficiência operacional

Varia por setor, geralmente 15-25%

Ciclo de conversão de caixa

Eficiência de capital de giro

10-20% menor que a média do setor

ROIC (Retorno sobre Capital Investido)

Eficiência de uso de capital

3-5 pontos percentuais acima do WACC

Despesas de P&D / Receita

Investimento em inovação

Varia por setor, geralmente 5-15%

SG&A / Receita

Eficiência administrativa

Varia por setor, geralmente 15-25%

Receita por funcionário

Produtividade

10-20% acima da média do setor

"O benchmarking não deve ser visto como uma competição, mas como um processo de aprendizado. O objetivo não é simplesmente copiar os números dos líderes, mas entender as práticas e estratégias que levam a esses resultados",

explica Marcelo Nakagawa, professor de Empreendedorismo do Insper.


Lembre-se que o contexto é fundamental. Uma empresa pode ter margens menores porque está investindo pesadamente em crescimento futuro, ou pode ter níveis de endividamento mais altos como parte de uma estratégia deliberada de alavancagem. Na gestão financeira, o importante é entender as razões por trás das diferenças e avaliar se elas fazem sentido para sua estratégia específica.


Estruturando um Sistema Financeiro para Crescimento


Arquitetura financeira escalável na gestão financeira: sistemas, processos e pessoas


Uma gestão financeira capaz de suportar o crescimento empresarial exige mais do que boas práticas isoladas – requer uma arquitetura financeira completa e escalável. Esta arquitetura combina três elementos fundamentais: sistemas tecnológicos, processos bem definidos e pessoas capacitadas.


Sistemas Tecnológicos


A base tecnológica de uma arquitetura financeira escalável geralmente evolui em estágios:


Estágio 1: Ferramentas Básicas

  • Planilhas estruturadas para controle financeiro

  • Software contábil simples

  • Ferramentas de emissão de notas fiscais

  • Controle bancário online


Este estágio é adequado para empresas com faturamento até R$ 1 milhão/ano, com operações relativamente simples.


Estágio 2: Sistemas Integrados

  • ERP com módulo financeiro robusto

  • Integração entre vendas, estoque e financeiro

  • Ferramentas de análise financeira

  • Sistemas de gestão de despesas

  • Automação de contas a pagar e receber


Este estágio atende empresas com faturamento entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões/ano, com operações mais complexas e equipes maiores.


Estágio 3: Plataforma Financeira Avançada

  • ERP completo com Business Intelligence

  • Sistemas de tesouraria avançados

  • Ferramentas de planejamento financeiro

  • Automação de reconciliação bancária

  • Integração com plataformas de pagamento e bancos

  • Sistemas de gestão de risco financeiro


Este estágio é necessário para empresas com faturamento acima de R$ 10 milhões/ano, múltiplas unidades ou operações internacionais.


"A escolha da tecnologia deve considerar não apenas as necessidades atuais, mas também onde a empresa estará em 2-3 anos. Trocar sistemas financeiros durante um período de crescimento acelerado pode ser extremamente disruptivo", alerta Renato Veras, CTO da Conta Azul.

Processos Financeiros


Os processos são os fluxos de trabalho que determinam como as informações financeiras são capturadas, processadas, analisadas e utilizadas para tomada de decisão. Processos bem definidos garantem consistência, eficiência e escalabilidade.


Os processos financeiros essenciais incluem:


  1. Ciclo de Receitas

    • Precificação e propostas

    • Faturamento e cobrança

    • Gestão de recebíveis

    • Reconhecimento de receitas


  2. Ciclo de Despesas

    • Requisições e aprovações de compras

    • Recebimento e conferência

    • Processamento e pagamento de faturas

    • Gestão de fornecedores


  3. Ciclo de Tesouraria

    • Previsão de fluxo de caixa

    • Conciliação bancária

    • Aplicações financeiras

    • Gestão de disponibilidades


  4. Ciclo de Planejamento

    • Orçamento anual

    • Revisões periódicas

    • Projeções financeiras

    • Análise de cenários


  5. Ciclo de Controle

    • Fechamento contábil

    • Análise de variações

    • Auditoria interna

    • Compliance fiscal


Para cada processo, é fundamental documentar:


  • Responsáveis por cada etapa

  • Prazos e frequência de execução

  • Entradas necessárias e saídas esperadas

  • Controles e aprovações requeridos

  • Sistemas utilizados

  • Métricas de desempenho


"Processos financeiros bem desenhados são aqueles que encontram o equilíbrio entre controle e agilidade. Controle excessivo paralisa a empresa, enquanto falta de controle gera riscos inaceitáveis",

observa Claudia Bittencourt, consultora de processos financeiros.


Pessoas e Estrutura Organizacional


À medida que a empresa cresce, a estrutura da área financeira também precisa evoluir:


Estágio 1: Centralizada no Fundador/Empreendedor

  • Empreendedor gerencia finanças com apoio de contador externo

  • Possível assistente administrativo-financeiro para rotinas básicas


Estágio 2: Especialização Inicial

  • Gerente financeiro ou controller

  • Analista financeiro

  • Assistentes para contas a pagar e receber

  • Contador (interno ou terceirizado)


Estágio 3: Departamento Financeiro Estruturado

  • Diretor ou CFO

  • Gerentes especializados (controladoria, tesouraria, planejamento)

  • Analistas por área

  • Equipe operacional

  • Possível auditoria interna


A evolução da estrutura deve acompanhar o crescimento da complexidade do negócio, não apenas o aumento do faturamento. Uma empresa de tecnologia com modelo de receita recorrente e poucos fornecedores pode manter uma estrutura financeira mais enxuta do que uma indústria com múltiplos SKUs e centenas de fornecedores, mesmo com faturamento similar.


Além da estrutura, é fundamental que a gestão financeira tenha como investir no desenvolvimento das competências financeiras:


  • Competências técnicas: conhecimentos contábeis, fiscais, de análise financeira e sistemas

  • Competências analíticas: capacidade de interpretar dados, identificar tendências e modelar cenários

  • Competências estratégicas: visão de negócio, planejamento de longo prazo e gestão de riscos

  • Competências interpessoais: comunicação, negociação e trabalho em equipe


"O maior erro que vejo em empresas em crescimento é subestimar a necessidade de profissionalização da área financeira. Muitos empreendedores tentam economizar nesta área e acabam pagando um preço muito alto em ineficiências, perda de oportunidades e até mesmo fraudes",

alerta Fernando Kertzman, sócio da KPMG especializado em empresas de médio porte.


Ferramentas e tecnologias essenciais para gestão financeira moderna


A escolha das ferramentas certas pode acelerar significativamente a maturidade financeira da empresa. Abaixo, apresentamos as principais categorias de ferramentas e como elas podem impulsionar o crescimento:


1. Sistemas ERP (Enterprise Resource Planning)

Os ERPs integram diferentes áreas da empresa em uma única plataforma, permitindo que as informações fluam de forma consistente e em tempo real.


Benefícios para o crescimento:

  • Eliminação de retrabalho e inconsistências entre departamentos

  • Visão consolidada do negócio

  • Escalabilidade para acompanhar o crescimento

  • Padronização de processos


Opções populares no mercado brasileiro:

  • Para pequenas e médias empresas: Bling

  • Para empresas maiores: SAP S/4HANA, Oracle NetSuite, Microsoft Dynamics


Critérios de seleção:

  • Adequação ao setor e modelo de negócio

  • Facilidade de integração com outros sistemas

  • Suporte e comunidade de usuários

  • Custo total de propriedade (não apenas licenças)

  • Capacidade de customização e escalabilidade


2. Ferramentas de Business Intelligence (BI)


Na gestão financeira, soluções de BI transformam dados brutos em informações acionáveis, permitindo análises multidimensionais e visualizações intuitivas.


Benefícios para o crescimento:

  • Identificação rápida de tendências e anomalias

  • Democratização da informação financeira

  • Análises ad-hoc sem dependência de TI

  • Dashboards personalizados para diferentes stakeholders


Opções populares:

  • Microsoft Power BI

  • Tableau

  • Qlik Sense

  • Google Data Studio (para necessidades mais simples)

  • Looker


Critérios de seleção:

  • Facilidade de conexão com suas fontes de dados

  • Recursos de visualização

  • Capacidade de compartilhamento e colaboração

  • Performance com grandes volumes de dados

  • Custo por usuário


3. Ferramentas de Planejamento Financeiro


Estas soluções vão além de simples planilhas, oferecendo recursos avançados para orçamento, projeções e cenários.


Benefícios para o crescimento:

  • Planejamento colaborativo e descentralizado

  • Simulação de múltiplos cenários

  • Análises de sensibilidade

  • Integração entre planejamento estratégico e operacional


Opções populares:

  • Anaplan

  • Adaptive Insights

  • Jedox

  • Planilhas avançadas com add-ins especializados


Critérios de seleção:

  • Flexibilidade para adaptar-se a mudanças no negócio

  • Facilidade de uso para não-especialistas em finanças

  • Capacidade de modelagem multidimensional

  • Recursos de workflow e aprovações


4. Soluções de Gestão de Despesas


Automatizam o processo de solicitação, aprovação, pagamento e contabilização de despesas.


Benefícios para o crescimento:

  • Redução de custos administrativos

  • Maior controle e compliance

  • Visibilidade em tempo real das despesas

  • Melhor experiência para colaboradores


Opções populares:

  • Expensify

  • Concur

  • VExpenses

  • Mobills Empresarial


Critérios de seleção:

  • Experiência mobile para usuários

  • Recursos de OCR para captura de recibos

  • Integração com cartões corporativos

  • Flexibilidade nas regras de aprovação


5. Plataformas de Tesouraria


Centralizam a gestão de contas bancárias, investimentos e operações financeiras.


Benefícios para o crescimento:

  • Otimização da liquidez

  • Redução de custos financeiros

  • Mitigação de riscos de fraude

  • Automação de reconciliação bancária


Opções populares:


Critérios de seleção:

  • Integração com seus bancos

  • Segurança e controles de acesso

  • Capacidade de projeção de fluxo de caixa

  • Suporte a múltiplas moedas (se aplicável)


6. Ferramentas de Análise de Rentabilidade


Na gestão financeira, as ferramentas de análise de rentabilidade permitem compreender a lucratividade por cliente, produto, canal ou unidade de negócio.


Benefícios para o crescimento:

  • Identificação de oportunidades de otimização

  • Direcionamento de recursos para áreas mais rentáveis

  • Suporte a decisões de expansão ou descontinuação

  • Precificação mais estratégica


Opções populares:

  • Módulos específicos de ERPs

  • Soluções de BI com modelos customizados

  • Ferramentas especializadas como Profitwell (para SaaS)


Critérios de seleção:

  • Capacidade de alocação de custos indiretos

  • Flexibilidade nas dimensões de análise

  • Integração com dados operacionais

  • Visualizações intuitivas


"A tecnologia financeira certa não apenas automatiza processos existentes, mas permite reimaginar completamente como a função financeira opera e agrega valor ao negócio",

destaca Rodrigo Dantas, diretor de tecnologia financeira da Deloitte Brasil.


Centralização vs. descentralização de decisões financeiras


Na gestão financeira, um dos desafios mais significativos para empresas em crescimento é determinar o equilíbrio ideal entre centralização e descentralização das decisões financeiras. Não existe uma resposta única – o modelo ideal depende do estágio da empresa, cultura organizacional, setor de atuação e estratégia de crescimento.


Modelos de Governança Financeira


Existem três modelos principais, cada um com suas vantagens e desvantagens:


1. Modelo Centralizado


Neste modelo, praticamente todas as decisões financeiras significativas são tomadas ou aprovadas pela alta liderança financeira (CFO, diretor financeiro ou até mesmo pelo CEO).


Características:

  • Controle rigoroso sobre despesas e investimentos

  • Processos de aprovação hierárquicos

  • Políticas financeiras uniformes

  • Equipe financeira concentrada na matriz/sede


Vantagens:

  • Maior controle e visibilidade

  • Consistência nas decisões

  • Aproveitamento de economias de escala

  • Menor risco de desvios e fraudes


Desvantagens:

  • Potencial gargalo na tomada de decisões

  • Distanciamento das realidades locais

  • Desmotivação de gestores operacionais

  • Resposta mais lenta a oportunidades


Quando é mais adequado:

  • Empresas em estágios iniciais

  • Negócios em recuperação financeira

  • Setores altamente regulados

  • Empresas com margens estreitas


2. Modelo Descentralizado


Neste modelo, as unidades de negócio ou departamentos têm autonomia significativa para tomar decisões financeiras dentro de parâmetros estabelecidos.


Características:

  • Orçamentos alocados por unidade/departamento

  • Autonomia para decisões dentro de limites pré-aprovados

  • Equipes financeiras distribuídas ou dedicadas a unidades

  • Métricas de desempenho financeiro por unidade


Vantagens:

  • Maior agilidade na tomada de decisões

  • Adaptação às necessidades locais

  • Desenvolvimento de lideranças

  • Maior engajamento dos gestores


Desvantagens:

  • Potencial inconsistência entre unidades

  • Possível subotimização de recursos

  • Maior complexidade de controle

  • Riscos de decisões isoladas prejudiciais ao todo


Quando é mais adequado:

  • Empresas com unidades geograficamente dispersas

  • Negócios com múltiplas linhas de produtos distintas

  • Setores que exigem resposta rápida ao mercado

  • Empresas com cultura de autonomia e responsabilização


3. Modelo Híbrido


Combina elementos de centralização e descentralização, buscando capturar os benefícios de ambos os modelos.


Características:

  • Decisões estratégicas centralizadas, operacionais descentralizadas

  • Limites de alçada progressivos

  • Centro de serviços compartilhados para processos transacionais

  • Business partners financeiros dedicados a unidades


Vantagens:

  • Equilíbrio entre controle e flexibilidade

  • Padronização onde faz sentido

  • Customização onde agrega valor

  • Escalabilidade do modelo com o crescimento


Desvantagens:

  • Maior complexidade de implementação

  • Potenciais conflitos de responsabilidade

  • Necessidade de sistemas mais sofisticados

  • Exige maior maturidade organizacional


Quando é mais adequado:

  • Empresas em fase de crescimento acelerado

  • Negócios com mix de operações maduras e emergentes

  • Setores com dinâmicas competitivas variadas

  • Empresas com cultura de accountability


"O modelo híbrido tem se mostrado o mais eficaz para empresas em crescimento, mas sua implementação bem-sucedida depende de clareza nas regras do jogo e sistemas que suportem essa complexidade",

afirma Tatiana Grecco, ex-diretora financeira do Itaú Unibanco.


Implementando um Modelo Híbrido Eficaz


Para empresas em crescimento, o modelo híbrido geralmente oferece o melhor equilíbrio no âmbito da gestão financeira. Sua implementação eficaz requer:


1. Matriz de Responsabilidades Clara


Defina explicitamente quais decisões são tomadas em qual nível, utilizando uma matriz RACI (Responsável, Aprovador, Consultado, Informado) para cada tipo de decisão financeira:

Decisão Financeira

CEO

CFO

Diretor de Unidade

Gerente

Investimentos > R$ 1MM

A

R

C

I

Investimentos R$ 100K-1MM

I

A

R

C

Investimentos < R$ 100K

I

I

A

R

Contratações previstas em orçamento

I

I

A

R

Contratações não previstas

I

A

R

C

Reajustes de preço

I

C

A

R

2. Limites de Alçada Progressivos


Estabeleça limites de aprovação que evoluam conforme:

  • Nível hierárquico

  • Desempenho histórico da unidade

  • Maturidade do gestor

  • Tipo de decisão


Por exemplo, um gerente com histórico consistente de boas decisões pode ter um limite de aprovação maior que outro de mesmo nível hierárquico mas com menos experiência comprovada.


3. Processos de Exceção Bem Definidos


Crie mecanismos para situações que exigem decisões rápidas fora dos parâmetros normais:

  • Comitês de aprovação emergencial

  • Processos de aprovação acelerada

  • Delegação temporária de autoridade

  • Documentação posterior para auditoria


4. Cultura de Accountability Financeira


Desenvolva uma cultura onde gestores não-financeiros:

  • Compreendam o impacto financeiro de suas decisões

  • Sejam avaliados por métricas financeiras relevantes

  • Recebam treinamento em conceitos financeiros

  • Tenham acesso a informações financeiras de qualidade


5. Business Partners Financeiros


Designe profissionais financeiros para atuar como parceiros estratégicos das áreas de negócio:


  • Suporte à tomada de decisão

  • Tradução de impactos financeiros

  • Facilitação de processos de aprovação

  • Garantia de alinhamento com diretrizes corporativas


"O segredo não está em escolher entre centralização ou descentralização, mas em determinar quais aspectos financeiros devem ser centralizados e quais devem ser descentralizados, e como essa distribuição deve evoluir conforme a empresa cresce",

conclui Eduardo Mufarej, fundador da Tarpon Investimentos e da Estácio.


Construindo uma cultura financeira em toda a organização


Uma gestão financeira eficaz para crescimento vai muito além da equipe de finanças – ela permeia toda a organização. Construir uma cultura financeira robusta significa fazer com que todos os colaboradores, independentemente de sua função, compreendam como suas decisões impactam os resultados financeiros e se sintam responsáveis por contribuir positivamente.


Por que a cultura financeira é crucial para o crescimento


Empresas com forte cultura financeira apresentam:


  • 22% maior probabilidade de superar metas de crescimento

  • 17% menor variação entre resultados projetados e realizados

  • 28% maior engajamento dos colaboradores

  • 35% maior velocidade na identificação e correção de problemas


Estes dados, de uma pesquisa da Deloitte com 450 empresas de médio porte, demonstram o impacto tangível que a cultura financeira tem no desempenho organizacional.


Elementos de uma Cultura Financeira Forte


1. Transparência Financeira


A transparência é o alicerce da cultura financeira. Ela envolve:


  • Compartilhamento regular de resultados: Comunicação periódica do desempenho financeiro em linguagem acessível para todos os níveis.

  • Acesso a informações relevantes: Disponibilização de dashboards e relatórios adaptados às necessidades de cada área.

  • Contextualização dos números: Explicação do significado dos resultados e sua relação com os objetivos estratégicos.

  • Honestidade sobre desafios: Comunicação aberta sobre dificuldades financeiras e seus impactos.


"Quando compartilhamos abertamente nossos números com toda a equipe, inclusive os desafiadores, percebemos um aumento significativo no engajamento e nas sugestões de melhorias. As pessoas não podem resolver problemas que desconhecem",

relata Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank.


2. Educação Financeira Corporativa


Para que a transparência seja efetiva, é necessário que as pessoas compreendam o que estão vendo:

  • Programas de capacitação: Treinamentos regulares sobre conceitos financeiros básicos e específicos do negócio.

  • Glossário financeiro: Documento acessível que explica termos e indicadores utilizados na empresa.

  • Mentoria financeira: Profissionais de finanças atuando como mentores para líderes de outras áreas.

  • Simulações e jogos: Atividades práticas que demonstram o impacto de diferentes decisões nos resultados financeiros.


A Magazine Luiza implementou um programa chamado "Finanças para Todos" que treinou mais de 20.000 colaboradores em conceitos financeiros básicos. O resultado foi uma redução de 15% nas despesas operacionais em dois anos, impulsionada por sugestões dos próprios colaboradores.


3. Alinhamento de Incentivos


As pessoas tendem a priorizar aquilo pelo qual são reconhecidas e recompensadas:

  • Métricas financeiras em todas as áreas: Cada departamento deve ter KPIs que se conectam diretamente com resultados financeiros.

  • Remuneração variável atrelada a resultados: Programas de bônus ou participação nos lucros baseados em desempenho financeiro.

  • Reconhecimento de contribuições: Celebração de iniciativas que geraram impacto financeiro positivo.

  • Consequências para decisões financeiramente irresponsáveis: Feedback claro e ajustes quando necessário.


A Localiza Hertz implementou um programa onde 100% dos colaboradores têm parte de sua remuneração variável atrelada ao EBITDA da empresa, criando um senso de "donos do negócio" em todos os níveis.


4. Processos que Reforçam a Consciência Financeira


A cultura se manifesta nos processos do dia a dia:

  • Aprovações baseadas em ROI: Solicitações de recursos devem incluir análise de retorno sobre investimento.

  • Reuniões regulares de revisão financeira: Encontros periódicos para discutir resultados e projeções.

  • Orçamento participativo: Envolvimento das equipes na elaboração do orçamento de suas áreas.

  • Rituais de celebração financeira: Momentos para comemorar conquistas financeiras importantes.


Na Ambev, todas as reuniões de projetos começam com uma revisão do business case financeiro, independentemente do departamento responsável, reforçando que finanças é responsabilidade de todos.


5. Liderança pelo Exemplo


Os líderes estabelecem o tom da cultura financeira:

  • Demonstração de disciplina financeira: Líderes que seguem processos e justificam suas decisões financeiramente.

  • Linguagem consistente: Uso regular de termos financeiros nas comunicações.

  • Priorização baseada em dados: Decisões estratégicas fundamentadas em análises financeiras sólidas.

  • Accountability: Líderes que assumem responsabilidade pelos resultados financeiros de suas áreas.


Jorge Paulo Lemann, um dos fundadores da 3G Capital, é conhecido por sua frase


"Custos são como unhas, precisam ser cortados regularmente",

exemplificando como a liderança pode estabelecer princípios financeiros claros.


Implementando a Cultura Financeira: Um Roteiro Prático


Para empresas em crescimento, a implementação de uma cultura financeira forte pode seguir estas etapas:


Fase 1: Diagnóstico (1-2 meses)

  • Avalie o nível atual de conhecimento financeiro na organização

  • Identifique barreiras à transparência financeira

  • Mapeie processos que impactam resultados financeiros

  • Analise o alinhamento entre incentivos e objetivos financeiros


Fase 2: Fundamentos (3-6 meses)

  • Estabeleça um programa básico de educação financeira

  • Implemente reuniões regulares de compartilhamento de resultados

  • Crie dashboards financeiros acessíveis para todas as áreas

  • Defina KPIs financeiros para cada departamento


Fase 3: Integração (6-12 meses)

  • Alinhe sistemas de remuneração variável com objetivos financeiros

  • Implemente orçamento participativo

  • Desenvolva business partners financeiros para áreas-chave

  • Crie fóruns para compartilhamento de melhores práticas


Fase 4: Maturidade (12+ meses)

  • Descentralize progressivamente decisões financeiras

  • Implemente programas avançados de educação financeira

  • Desenvolva simuladores financeiros específicos para o negócio

  • Estabeleça comunidades de prática em temas financeiros


"A cultura financeira não é construída da noite para o dia, mas cada pequeno passo consistente gera resultados exponenciais ao longo do tempo", observa Florian Bartunek, fundador da Constellation Asset Management.

Indicadores Financeiros Estratégicos para Crescimento na Gestão Dinanceira Eficaz

KPIs financeiros essenciais para monitorar crescimento


Os indicadores financeiros são como o painel de controle de um avião para equipe de gestão financeira – permitem navegar com segurança e precisão rumo aos objetivos de crescimento. Para empresas em fase de expansão, é fundamental monitorar não apenas os indicadores tradicionais, mas também métricas específicas que avaliam a qualidade e sustentabilidade do crescimento.


Indicadores de Crescimento e Expansão


Estas métricas avaliam diretamente a velocidade e qualidade da expansão do negócio:


1. Taxa de Crescimento da Receita

  • Fórmula: (Receita Período Atual / Receita Período Anterior - 1) x 100%

  • Benchmark: Varia por setor, mas geralmente 15-30% ao ano para empresas em fase de crescimento

  • Frequência: Mensal e anual

  • Desdobramentos importantes: Por produto/serviço, por canal, por região, por segmento de cliente


2. Crescimento Orgânico vs. Inorgânico

  • Fórmula: Separação do crescimento proveniente de operações existentes vs. aquisições

  • Benchmark: Equilíbrio que depende da estratégia, mas crescimento orgânico saudável é essencial

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Revela a capacidade intrínseca de expansão do negócio


3. Net Revenue Retention (NRR)

  • Fórmula: (Receita recorrente de clientes existentes no período atual / Receita recorrente desses mesmos clientes no período anterior) x 100%

  • Benchmark: Acima de 100% é positivo; empresas SaaS de alto crescimento frequentemente superam 120%

  • Frequência: Mensal

  • Importância: Indica capacidade de expandir receita em clientes existentes, compensando churns


4. Customer Acquisition Cost (CAC)

  • Fórmula: Total de despesas de marketing e vendas / Número de novos clientes

  • Benchmark: Varia por setor e modelo de negócio

  • Frequência: Mensal

  • Desdobramentos importantes: Por canal de aquisição, por segmento de cliente


5. CAC Payback Period

  • Fórmula: CAC / (Receita média mensal por cliente x Margem bruta)

  • Benchmark: Idealmente abaixo de 12 meses para B2B e 6 meses para B2C

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Revela quanto tempo leva para recuperar o investimento em aquisição de clientes


6. Customer Lifetime Value (CLV)

  • Fórmula: (Receita média por cliente x Margem bruta) x Tempo médio de retenção

  • Benchmark: Idealmente 3x maior que o CAC

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Indica o valor total que um cliente gera durante seu relacionamento com a empresa


7. Razão CLV/CAC

  • Fórmula: CLV / CAC

  • Benchmark: Acima de 3 para negócios saudáveis em crescimento

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Métrica fundamental para avaliar a economia da aquisição de clientes


"Estas métricas de unit economics são absolutamente críticas para empresas em crescimento. Muitas vezes vemos negócios com crescimento impressionante de receita, mas com uma razão CLV/CAC abaixo de 1, o que significa que estão essencialmente comprando receita de forma não sustentável",

alerta Anderson Thees, sócio-fundador da Redpoint eventures.


Indicadores de Eficiência e Produtividade


Estas métricas avaliam quão eficientemente a empresa está crescendo:


8. Receita por Funcionário

  • Fórmula: Receita total / Número de funcionários em tempo integral

  • Benchmark: Varia significativamente por setor (ex: software >R$500K/funcionário, varejo ~R$300K/funcionário)

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Indica produtividade geral da organização


9. Burn Rate e Runway

  • Fórmula: Burn Rate = Caixa consumido mensalmente; Runway = Caixa disponível / Burn Rate

  • Benchmark: Runway mínimo de 12-18 meses para empresas em crescimento

  • Frequência: Mensal

  • Importância: Fundamental para empresas que ainda não atingiram break-even


10. Rule of 40

  • Fórmula: Taxa de crescimento anual + Margem EBITDA (ambos em %)

  • Benchmark: Acima de 40% para empresas de software em crescimento

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Equilibra crescimento e lucratividade em uma única métrica


11. SG&A como % da Receita

  • Fórmula: (Despesas de vendas, gerais e administrativas / Receita) x 100%

  • Benchmark: Varia por setor, mas deve diminuir gradualmente com o crescimento

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Indica eficiência operacional e potencial de alavancagem operacional


12. Eficiência do Capital de Crescimento

  • Fórmula: Aumento da receita anual recorrente / Capital consumido

  • Benchmark: Acima de 1x é considerado eficiente

  • Frequência: Anual

  • Importância: Mede quanto crescimento é gerado para cada real investido


"A eficiência do capital de crescimento é uma métrica que ganhou enorme relevância recentemente. No ambiente atual, não basta crescer – é preciso crescer de forma eficiente em termos de capital",

explica Guilherme Hug, sócio da Kaszek Ventures.


Indicadores de Saúde Financeira e Sustentabilidade


Estas métricas avaliam se o crescimento está ocorrendo sobre bases sólidas:


13. Margem de Contribuição

  • Fórmula: (Receita - Custos Variáveis) / Receita x 100%

  • Benchmark: Idealmente acima de 40% para suportar crescimento

  • Frequência: Mensal

  • Desdobramentos importantes: Por produto/serviço, por canal


14. Gross Profit Retention

  • Fórmula: Similar ao NRR, mas considerando lucro bruto em vez de receita

  • Benchmark: Acima de 100% para crescimento saudável

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Mais relevante que NRR, pois considera a rentabilidade da receita retida


15. Cash Conversion Score

  • Fórmula: (Fluxo de caixa operacional / EBITDA) x 100%

  • Benchmark: Acima de 80% para negócios saudáveis

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Indica quão bem o lucro contábil se converte em caixa real


16. Net Burn Multiple

  • Fórmula: Caixa consumido no período / Aumento da receita anual recorrente

  • Benchmark: Abaixo de 1,5x é considerado eficiente

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Versão mais sofisticada da eficiência do capital, considerando apenas o caixa consumido


17. Margem de Expansão da Receita

  • Fórmula: (Aumento da receita - Custos incrementais para gerar esse aumento) / Aumento da receita

  • Benchmark: Idealmente acima de 50%

  • Frequência: Trimestral

  • Importância: Revela a rentabilidade do crescimento


"Muitas empresas crescem adicionando receita não rentável ou que consome caixa excessivamente. A margem de expansão da receita é crucial para avaliar se o crescimento está criando ou destruindo valor",

destaca Fabio Igel, ex-CFO da Movile.


Implementação Prática dos KPIs


Para implementar efetivamente estes indicadores, siga estas práticas:


1. Priorização Contextual


Nem todos os indicadores têm a mesma relevância para todas as empresas ou em todos os momentos. Priorize com base em:

  • Estágio do negócio (ex: empresas pré-receita focam em burn rate e runway)

  • Modelo de negócio (ex: empresas SaaS priorizam métricas de retenção e expansão)

  • Desafios atuais (ex: se o CAC está aumentando, aprofunde métricas de eficiência de aquisição)

  • Objetivos estratégicos (ex: se preparando para captação, foque nas métricas valorizadas por investidores)


2. Visualização Eficaz


A forma como os KPIs são apresentados impacta significativamente sua utilidade:

  • Dashboards executivos: 5-7 métricas principais em uma única tela

  • Tendências temporais: Gráficos mostrando evolução ao longo do tempo

  • Comparativos: Benchmarks internos e externos quando disponíveis

  • Alertas: Sinalizações visuais quando métricas estão fora dos parâmetros aceitáveis


3. Cadência de Revisão


Estabeleça ritmos regulares para análise dos indicadores:

  • Diário: Métricas operacionais críticas (ex: caixa disponível, vendas)

  • Semanal: Indicadores de performance de curto prazo (ex: CAC, conversões)

  • Mensal: Revisão completa de todos os KPIs com análise de tendências

  • Trimestral: Análise aprofundada com ajustes estratégicos se necessário


4. Desdobramento e Drill-down


A capacidade de decompor os indicadores é fundamental para ação efetiva:

  • Por unidade de negócio

  • Por produto ou serviço

  • Por canal de vendas

  • Por segmento de cliente

  • Por região geográfica


"O valor real dos KPIs não está nos números em si, mas na capacidade de fazer drill-down até identificar as causas-raiz de problemas ou oportunidades",

observa Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank.


Continuação:




Jociandre Barbosa é palestrante e especialista em vendas e comportamento do cliente, autor de 15 livros sobre vendas, estratégias comerciais, desenvolvimento pessoal e negócios. Atendeu centenas de empresas em todo o Brasil com consultoria para fortalecimento dos canais de vendas. É fundador da Universidade do Sucesso em Vendas (UNISV) e é Host do Palestra de Vendas, um dos maiores canais de vendas do Brasil no Youtube.

 
 
 

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© 2022 Palestrante Motivacional Jociandre Barbosa - Palestras de Motivação e Vendas

 

A palestra Motivacional de Jociandre Barbosa é contratada para eventos variados: Convenção de vendas, treinamento de vendas, encontro de professores, semanas acadêmicas. Milhares de pessoas em todo o Brasil já participaram de uma de suas palestras motivacionais em eventos abertos ou in company promovidos por indústrias, empresas de distribuição e varejo, órgãos públicos e organizações tais como: Sebrae, Senac, Sesi, CDLs, Associações Comerciais e Senai.

 

Sua história de superação pessoal inspira e transforma.                    

 

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